Hoje, 12 de novembro, é o último dia da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que acontece desde o dia 31 de outubro em Glasgow, na Escócia. Representantes de 193 países participam da Conferência, para pensarem estratégias que possam frear os efeitos das mudanças do clima, tendo em vista a construção de economias mais verdes e resilientes, que possam garantir um futuro sustentável para o nosso planeta.
A COP26 nos faz pensar ainda mais sobre como estamos usando os recursos naturais disponíveis. A cada encontro de lideranças e ativistas globais sobre meio ambiente, a questão parece ser a mesma: como e quando vamos parar de explorar esses recursos cada vez mais limitados e começar a aproveitá-los de forma sustentável?
Para o nosso Diretor de Desenvolvimento, Gláucio Gomes, trata-se, de uma mudança de paradigma, de uma transição ética pela qual a governança global precisa passar. “No que tange a agricultura, há muito no que se pensar e discutir. Para uma parcela significativa da população, inclusive para muitos que participam da COP26, a agricultura é negócio. Mas o fato é que agricultura também é produção de comida. É trabalho e renda, é organização social no campo, garantia de direitos humanos e subsistência, é cultura e identidade, e lugar no mundo para milhões de agricultores. Em muitos casos, a agricultura é o que dá sentido às vidas de famílias e comunidades”, destaca.
A agricultura é o cerne do segundo Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável (ODS 2): acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Para alcançarmos esse objetivo é necessário pautar a agricultura como gestão social e ambiental. Há dois alvos críticos nessa discussão: a importância das comunidades e do poder local e a forma como a agricultura é organizada e estruturada, principalmente no que tange a aspectos fundiários e de incentivo à cooperação entre produtores. Ambos os pontos convergem para a importância crucial do território para promover uma agricultura sustentável.
Portanto, é possível e mais recomendável para o futuro deste planeta, pensar em uma agricultura humanizada, com função social e onde, na equação, se considere os milhões de camponeses do mundo. Já existem estratégias de desenvolvimento agrícola que conferem sustentabilidade a partir de uma lógica de inclusão social, econômica e produtiva, de democratização fundiária e de ampliação de capacidades pelos atores locais. A exemplo, as nossas ações de fomento à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e de negócios comunitários, a formação de Arranjos Produtivos Locais e o fortalecimento de cadeias de valor com base em vocações locais.
Criar e implementar mais estratégias de fortalecimento da agricultura familiar passa por políticas e programas de incentivo e investimento na agricultura de base, e, portanto, pelo voto de confiança que precisa ser feito por líderes estatais e empresariais em nível global. Acreditamos que a COP26 é um lugar possível para começarmos a fortalecer essas ações.