Rafael Marques
“Aprendi muito em como gerir um negócio, me tornei mais desinibido, fiz novas amizades e compreendi a importância do trabalho em equipe e de se capacitar sempre se mantendo atualizado. Foi muito bom o que vivi durante a formação do Programa”.
José Rafael Marques da Silva, 29 anos, reside na sede de Pentecoste e, filho de Maria José e José Rosanio, é o mais velho de três irmãos. Desde pequeno, demonstrava curiosidade por tecnologia e em consertar objetos em casa.
Seu pai, Rosanio, é marceneiro, e Rafael, desde criança, acompanhava o pai no trabalho. Aos dez anos, o jovem já fabricava brinquedos de madeira para brincar e auxiliava na construção de móveis e carrocerias para vender na comunidade.
Sua mãe, Maria, sempre trabalhou nas atividades do lar e cuidando dos filhos. Ela conta que Rafael, desde pequeno, era muito curioso e ousado, isso lhe afligia às vezes. “Encontrava ele mexendo nas tomadas com defeitos, ventiladores e celulares, tinha medo dele levar um choque ou algo parecido, não dava muita credibilidade, mas às vezes ele conseguia consertar (risos).
Rafael destacava-se no colégio e, segundo os pais do jovem, os professores sempre elogiavam a participação do filho. “Era nítido o esforço dele em aprender, muitas atividades escolares ele se destacava, nas feiras de ciências ganhava muita visibilidade diante da sua criatividade”, afirma Maria.
Aos doze anos, Rafael deixou de auxiliar o pai na marcenaria e foi trabalhar em uma sorveteria. De lá para cá, não parou mais. Trabalhou como carpinteiro, em lanchonete, em fábrica de sapato, em lojas de suplemento animal e com manutenção de celular. Com a conclusão do Ensino Médio e após trabalhar em diversas áreas, ele decidiu fazer um curso técnico. Tinha interesse pelas áreas de eletrônica e informática, e aos dezessete anos, fez um curso de manutenção de computadores em Pentecoste.
O curso de manutenção de computadores foi por um curto período (dois meses), mas Rafael logo começou a prestar serviços na fábrica da cidade e a fazer “bicos” na área de eletrônica e informática. Nesse período, uma amiga convidou Rafael para participar do Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER) da Adel. Ele conta que logo enxergou a possibilidade de se capacitar e investir em um negócio próprio. “Como fazia muitas atividades e tinha dificuldade de conciliar com um trabalho formal, eu senti a necessidade de ter algo próprio”.
Rafael relata que fazer parte do Programa Jovem Empreendedor Rural é uma experiência única. “Aprendi muito em como gerir um negócio, me tornei mais desinibido, fiz novas amizades e compreendi a importância do trabalho em equipe e de se capacitar sempre se mantendo atualizado. Foi muito bom o que vivi durante a formação do Programa”.
Após seis meses no Programa Jovem Empreendedor (PJER), o jovem decidiu elaborar um projeto de negócio na área de computação e eletrônica. “Sonhava em ter minha própria loja, atender os clientes em Pentecoste. Mas, eu não tinha noção de preço, não conhecia o mercado, porque ainda é muito fechado”. Devido à falta de conhecimentos na área e condições financeiras, o sonho de Rafael foi prorrogado por alguns dias.
Durante um ano e meio, ele morou na capital do Estado e começou a trabalhar no CEPEP – Centro de Estudo e Pesquisa em Educação Profissional, onde fazia a manutenção dos computadores. Neste período, Rafael uniu a necessidade de ter uma renda com o desejo de aprender. “Aprendi muito no CEPEP, havia muitos profissionais na instituição que me auxiliavam nas dificuldades e dúvidas, pessoas que fortaleceram meu conhecimento teórico e prático. Sem falar que fiz muitas amizades que viriam me ajudar futuramente no meu negócio, sou muito grato o que vivi lá”, enfatiza.
A vivência em Fortaleza, longe da família, trouxe também muitas responsabilidades. “Morando sozinho, eu amadureci muito e aprendi a resolver percalços profissionais e pessoais. No início, tinha um amigo que dividia as despesas comigo, mas, quando ele saiu, eu me dei conta que o que ganhava no trabalho não dava nem para pagar contas. Então ai eu percebi que era o momento de voltar para casa e retomar meu projeto”.
Aos 22 anos, Rafael retornou à Pentecoste, com a ideia de concretizar o projeto dele. Com as economias que guardou e o apoio dos pais, ele viu que seria viável montar a própria loja, na época, a World of Harckers. Juntos, reformaram a casa da família e compraram equipamentos e utensílios necessários para abrir o negócio. A World of Harckers ficava na casa da família do jovem, em Pentecoste. O quarto de Rafael passou a ser laboratório de trabalho, e a varanda da casa a recepção.
Com a finalidade de reduzir custos e preservar o meio ambiente, Rafael reaproveitou algumas peças de computadores. Ele transformou as telas de notebook em luminárias para a bancada. Já as fontes e as peças de aparelhos elétricos são reutilizadas de forma estratégica e útil para as atividades do jovem empreendedor. Além da infraestrutura e dos equipamentos, Rafael investiu em Marketing e Comunicação. Observando a necessidade de comunicar e mostrar para os futuros clientes a existência do negócio dele, idealizou o nome do empreendimento e contratou uma agência de comunicação para produzir a identidade visual da empresa.
Atualmente, a loja tem clientes fixos, e a rentabilidade varia de acordo com o mês. “Tem mês que tenho muitas demandas, mas outros que apenas bicos. A crise realmente afetou todo mundo, tenho muitos computadores consertados que estão há semanas a espera de seus donos”. Após concretizar o sonho de ter uma loja própria, Rafael já faz novos planos. “Tem vários equipamentos que quero comprar e também fazer o restante da reforma da loja. Estou planejando acessar uma linha de crédito do Fundo Veredas da Adel para ampliar meu negócio”.
A ousadia de Rafael e a gratidão a todos que colaboram com a realização dos sonhos dele é imensa. “Agradeço em primeiro lugar a minha família que sempre me apoiou, meus amigos, que nos momentos de angústias, foram muitas dificuldades e sem eles não teria conseguido, também a Adel através do apoio e formação, aprendi bastante e isso é muito significativo”.