Jovem transforma a paixão por artesanato em projeto de negócio

Janaína Sousa, 22, reside no Assentamento Ramalhete, em General Sampaio/CE. Filha de uma “família empreendedora”, como ela denomina, empreende desde criança. Aos seis anos, apanhava latinhas de bebidas para vender no ferro velho e ganhar seu próprio dinheiro.

“Era uma época que me divertia muito, apesar do interesse de ter dinheiro para comprar coisas de criança, vender latinhas foi mais um momento de lazer do que um negócio”, relata Janaína sorrindo.

Depois, aos oito anos, Janaína e os dois irmãos vendiam os dindins produzidos pela mãe nos jogos de futebol da comunidade. Essa era uma maneira de ajudar no sustento da família.

“Eles saiam juntos para vender os dindins nos jogos, às vezes consumiam mais que vendiam, coisa de crianças, mas eram bem responsáveis com o dinheiro e com a venda”, enfatiza D.Piedade, mãe de Janaína.

Filha mais velha de quatro irmãs e a segunda de seis irmãos, Janaína cresceu em um ambiente familiar de muita resiliência. Os pais dela criaram a família com menos de dois salários mínimos. Sr. Manoel Filho, pai de Janaína, é pescador e D. Piedade é Agente de Saúde na comunidade.

Janaína e os irmãos foram crescendo e também começaram a ajudar no sustento da casa. Aos poucos cada um foi buscando ter sua independência financeira. Entretanto, as oportunidades de trabalho e formação no município são bastante limitadas.

Com isso, dois dos irmãos de Janaína, Enyo Tallys e Damião, logo migraram para Fortaleza. Lá, eles criaram uma marcenaria e também vendem produtos gelados e bolos no bairro onde moram. Janaína e as irmãs permaneceram em Ramalhete. Ela quando cursava o Ensino Médio, em 2010, teve a oportunidade de ingressar no Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER) desenvolvido pela Adel.

Ingresso no Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER)

A jovem conta que enxergou no PJER a chance de se capacitar e criar seu próprio negócio. “Vi que era uma oportunidade, tinha as atividades do colégio para conciliar, então me inscrevi, mas quando me vi sozinha, porque minha amigas não haviam sido selecionadas, fiquei com medo de ir, mas com a insistência e apoio dos meus pais ingressei na formação e fui muito feliz por isso”, enfatiza.

Em 2010, a formação empreendedora do Programa ocorria no período de um ano e Janaína conciliava a formação com as aulas do último ano do Ensino Médio. Ela conta que nesse período vendia bijuterias e também planejou implementar na propriedade da família um empreendimento de avicultura.

Janaína e sua família

“Tivemos muitas dificuldade para conseguir esse apoio financeiro, Janaína era menor de idade naquela época e isso complicou muito no acesso a políticas públicas como DAP e posteriormente o Pronaf jovem. Apesar do esforço e interesse dela não deu certo, mas ela persistiu muito”, relata o Sr. Manoel Filho.

A atividade era bastante propulsora, mas os desafios daquele período fizeram Janaína desistir da ideia e enxergar na sua paixão por artesanato em crochê a criação de um novo empreendimento.
“Apesar das dificuldades continuei como sacoleira e com um novo olhar para o empreendedorismo, dei continuidade com a venda de bijuterias e após acessar vários tutoriais no youtube comecei a fazer crochê”.

Oportunidade para empreender

No início, fazer artesanato em crochê era apenas uma arte, mas logo ela enxergou que era a oportunidade que buscava para empreender. As primeiras peças em crochê que ela fez logo foram vendidas e após compartilhar seu trabalho na sua rede social, em pouco mais de um mês triplicou o valor que ganhava como sacoleira.

Janaína e sua mãe (D.Piedade)

Atualmente, Janaína juntamente com a mãe, cria, borda e costura as peças em crochê. O pai dela também atua nas horas vagas no empreendimento. Sr. Manoel Filho ajuda nas entregas e compra de materiais.

“Futuramente quero ter minha própria loja virtual, produzo atualmente apenas cropped´s, biquínis e acessórios, como bolsas. Mas, pretendo ampliar o negócio e futuramente atender todo o território”, ressalta.

Janaína é uma das jovens beneficiadas pelo Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER) desenvolvido pela Adel que está dando uma Nova Cara ao Sertão. Ela enxergou na paixão por artesanato em crochê a oportunidade para ter o seu próprio negócio e permanecer no município.

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