Um dos maiores desafios para o desenvolvimento do semiárido cearense é a migração de jovens para as cidades, levando seus conhecimentos, talentos e habilidades. Isso porque não percebem as oportunidades de mobilidade social e crescimento pessoal.
Neste contexto, surgiu, em 2007, a Adel (Agência de Desenvolvimento Econômico Local), organização criada e formada por jovens de comunidades rurais do semiárido cearense que tiveram a oportunidade de cursar a universidade e optaram por retornar as suas comunidades de origem para promover o desenvolvimento local.
A ideia foi aplicar os conhecimentos, ferramentas e técnicas adquiridas em seus cursos universitários para contribuir com o fortalecimento da agricultura familiar -que enfrenta imensos desafios no sertão.
Um dos principais programas da instituição é denominado Jovens Empreendedores. Este programa consiste em mostrar aos jovens de comunidades rurais que o semiárido é sustentável. Que a partir do desenvolvimento da agricultura familiar, os jovens e suas famílias podem transformar a realidade social em que vivem e promover melhorias nas condições de vida e de trabalho para toda a população.
A estratégia é formar os jovens como empreendedores, com uma visão de negócios, de atuação em rede e de cooperativismo para o aprimoramento dos arranjos produtivos locais.
No programa os jovens aprendem técnicas e adquirem ferramentas para retornarem as suas propriedades, para ajudar suas famílias a tornarem seus estabelecimentos em negócios sociais –produtivos, rentáveis e sustentáveis.
As estratégias vão desde aprimoramento do fornecimento de insumos, passando pela implantação de pequenas agroindústrias familiares e chegando ao desenvolvimento da comercialização.
O objetivo é a inclusão socioprodutiva de jovens e, em longo prazo, a redução do êxodo rural juvenil. Um total de 80 jovens dos municípios de Pentecoste, Apuiarés, Tejuçuoça e General Sampaio, no microterritório do Médio Curu, já foram atendidos pelo programa.
Há dois anos que a Adel desenvolve este trabalho em parceria com a Fundação Konrad Adenauer, Instituto Souza Cruz e Banco do Nordeste. Recentemente, a Adel teve uma proposta habilitada no banco de projetos do Instituto Cooperforte, uma Oscip sediada em Brasília cuja missão é promover a inclusão socioeconômica de pessoas em situação de vulnerabilidade social com ênfase na promoção e no desenvolvimento humano.
Acredito que o meio rural, tantas vezes considerado saturado e sem perspectivas para os jovens, começa a ganhar novos olhares por meio do empreendedorismo juvenil, da valorização de seu potencial natural capaz de prover melhores condições de vida para seus habitantes.
Por intermédio do jovem podemos renovar as forças do campo, reciclar as técnicas e promover a articulação comunitária como forma de melhoria social.
Fonte: http://empreendedorsocial.folha.blog.uol.com.br/