A desertificação no Semiárido e seus efeitos no Meio Ambiente 

A desertificação avança no Semiárido e os prejuízos ambientais causados pela ação humana já atinge milhões de pessoas no Nordeste. Neste Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, além de refletir sobre os avanços da desertificação e seu impacto no Meio Ambiente, elencamos alternativas para mitigar os efeitos do processo de degradação da terra. 

No Semiárido, temos evidências de que o processo de desertificação é tão acentuado, que alguns locais são denominados “núcleos de desertificação”, como: Cabrobó, em Pernambuco; Gilbués, no Piauí; Irauçuba, no Ceará; e, Seridó, no Rio Grande do Norte. Cada núcleo desse apresenta um retrato fiel do uso inadequado dos recursos naturais disponíveis em um ambiente de equilíbrio ecologicamente frágil. 

O território de Irauçuba reúne diversas características favoráveis à desertificação pois, além das vulnerabilidades ambientais, possui elevadas fragilidades sociais, econômicas e estruturais. Em Irauçuba é perceptível a retirada da vegetação nativa, acompanhada da não reposição natural dos ambientes, a erosão laminar, o assoreamento dos rios e barragens e o sobrepastejo, ou seja, a existência de uma concentração muito grande de animais sobre a terra. 

É importante registrar que o território de Irauçuba tem na pecuária a mais importante atividade, dentro de um sistema de deslocamento estacional de rebanhos para locais que oferecem melhores condições durante uma parte do ano, servindo de estação na época das chuvas para os rebanhos criados na região litorânea. Estas ações provocam salinização dos solos, agravando o processo de desertificação. A busca por extrair cada vez mais de um bioma fragilizado acarreta no esgotamento dos serviços ecossistêmicos e na desertificação na região.

Apesar do avanço da desertificação, devemos buscar formas mais sustentáveis de utilização dos recursos naturais, como a recuperação das florestas ciliares, o reflorestamento de áreas importantes para a proteção dos recursos hídricos, a implantação de barragens subterrâneas e sistemas de captação da água das chuvas, o incentivo às boas práticas para conservação do solo, além da formulação de políticas públicas e legislação específica sobre o tema. Além disso, a cooperação entre sociedade, organizações da sociedade civil, empresas e governos é fundamental, como forma de potencializar os esforços de conservação e dar mais amplitude aos resultados obtidos no combate à desertificação.  

Alternativas para combater à desertificação

A fim de mitigar o avanço da desertificação nos territórios onde atuamos, desenvolvemos ações de Educação Ambiental com as famílias e trabalhamos com a instalação de tecnologias socioambientais de convivência com o semiárido, como canteiros econômicos, meliponários, viveiro de mudas e fogões ecoeficientes.  

Com o canteiro econômico, uma família economiza quatro vezes o uso de água para irrigação, o quintal muda a realidade econômica e de segurança hídrica das pessoas. Já os fogões ecoeficientes produzem o máximo de calor utilizando a menor quantidade de biomassa vegetal, além de contribuir com a diminuição do desmatamento e reduzir a emissão de gases poluentes no ecossistema.

A meliponicultura é outra atividade que, além de movimentar a economia local, ajuda a preservar as abelhas e o meio ambiente por meio da polinização de plantas nativas. Consequentemente, as agricultoras e agricultores passam a ser verdadeiros guardiões e guardiãs de seus territórios. O trabalho de conservação em consonância com a geração de renda, representa uma forma de uso sustentável de áreas de vegetação natural preservadas.

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