Agricultura familiar e manejo agroecológico do solo

Desde setembro de 2022, estamos executando projetos do Programa AES Brasil Gera+, da AES Brasil, em três estados do Nordeste: Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Uma das ações do Programa prioriza o desenvolvimento da agricultura sustentável. O Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural visa contribuir para a inclusão socioprodutiva de mulheres que vivem na Área de Influência Direta (AID) do Complexo Eólico Cajuína nos municípios de Angicos, Fernando Pedroza, Lajes e Pedro Avelino, no estado do Rio Grande do Norte.

As ações incluem oficinas e cursos formativos para o fortalecimento da agricultura familiar e geração de renda e a realização de sessões de assistência técnica e extensão rural (ATER) às mulheres rurais. Na última semana, realizamos nas comunidades Pelo Sinal I e II, em Fernando Pedroza/RN, uma formação sobre Manejo Agroecológico do Solo, com a participação de 17 agricultoras. 

Buscamos sensibilizar as participantes sobre a importância do solo para o meio ambiente, o solo é muito mais que um substrato, é uma estrutura complexa onde ocorrem processos dinâmicos e essenciais ao equilíbrio e à saúde das plantas e do ambiente. O manejo agroecológico do solo tem como princípio evitar a erosão, bem como a sua nutrição por meio da adubação com materiais orgânicos e manutenção da ciclagem de nutrientes.

Segundo Luany Silva, nossa Analista Socioambiental, que atua de perto com as agricultoras beneficias, a oficina foi muito produtiva. “As agricultoras não tinham a visão que cuidar do solo é uma forma de preservar o meio ambiente, na visão delas o meio ambiente era só aquela parte de você não jogar lixo no chão, preservar a mata nativa. Então elas passaram a ter essa perspectiva de que o cuidado com o solo também faz parte das questões ambientais e que ele exerce um valor considerável, porque a partir do solo que tem todo o desenvolvimento de um local, é do solo que vem a agricultura, vem o nosso alimento”, reforça Luany.

Luany Silva, nossa Analista Socioambiental, durante as atividades formativas com as agricultoras beneficiadas.

Para a agricultora Maria do Socorro do Nascimento, 40, foi muito gratificante adquirir novos conhecimentos. “O solo é muito importante, tudo vem do solo, a água, as plantas, os remédios, nossa alimentação, tudo surge a partir dele e a gente preservando, vamos ter uma vida saudável, inclusive para as futuras gerações dos nossos filhos, nossos netos. A gente preservando hoje, é uma chance de garantir um futuro melhor “, afirma.

A ação vai de encontro ao Dia Mundial de Combate à Desertificação, instituído no dia 17 de junho pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data busca refletir sobre os prejuízos e, principalmente, destacar alternativas que possam minimizar os efeitos desse fenômeno que vem avançando a cada ano.

Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), somente no Brasil, do total de 982.563 km² da área do Semiárido, cerca de 600 mil km² já foram gravemente atingidos, englobando oito estados da região Nordeste, além do norte de Minas Gerais. Nos últimos 10 anos, o desmatamento da Caatinga atingiu uma área equivalente ao tamanho de Portugal, a ponto de, hoje, estar com quase 50% do seu território afetado por processos acentuados e severos de desertificação.

Entre os quadros mais graves está o Ceará, onde todos os 184 municípios são afetados por esse fenômeno. No Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí a extensão afetada ultrapassa 90% dos seus territórios, a maior parte localizada no Semiárido, onde as condições ambientais são vulneráveis à exploração extrativista ou ao manejo inadequado dos recursos naturais.

Por isso, é urgente pensarmos ações que ajudem de forma direta no combate à desertificação, como a recuperação da mata ciliar, reflorestamento e o fortalecimento de quintais produtivos. 

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