Como a comunicação pode ajudar na conservação das aves migratórias?

Foto: Fábio Arruda (@baronghouse)

Nos últimos anos, temos executado várias ações de comunicação para a conservação de aves limícolas migratórias em parceria com a SAVE Brasil. O principal objetivo é informar a população local sobre a existência das aves limícolas migratórias em áreas específicas e engajar os atores locais para que se tornem agentes de conservação ambiental em seus territórios. As estratégias de Comunicação aliadas à Educação Ambiental buscam sensibilizar e articular a população para contribuírem com a conservação das aves migratórias e de seus habitats.

Por meio do Programa Aves Limícolas, a SAVE Brasil vem desenvolvendo projetos em diferentes regiões do país. Até o momento atuamos diretamente com o desenvolvimento de diagnósticos de comunicação e desenho de estratégias para três territórios: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Maranhão.

Inicialmente, desenvolvemos um Plano Estratégico de Comunicação para o Projeto Flyaways Brasil, realizado em áreas consideradas importantes para diferentes espécies ao longo da Bacia Potiguar. Além da estratégia com foco em educomunicação, realizamos assessorias e consultorias especializadas em gestão e comunicação para a equipe que atua no projeto, elaboramos uma série de materiais de comunicação utilizados de suporte nas atividades de campo e ministramos oficinas de Fotografia de Aves.

Para o Projeto Lagoa do Peixe, que acontece em municípios que abrangem o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, a Estratégia de Comunicação priorizou as ações de Advocacy, tendo em vista a necessidade de sensibilizar e engajar as comunidades e os tomadores de decisão.

Para o Projeto Costa Norte, realizado em diferentes municípios da Costa Maranhense, a estratégia de comunicação possui interface com o desenvolvimento territorial a partir da potencialização de atividades que já são desenvolvidas pelas comunidades, como o turismo de base sustentável. As ações com foco em educomunicação socioambiental também foram priorizadas na estratégia diante da necessidade de sensibilizar os atores locais e engajá-los em atividades educativas para a conservação das aves limícolas e das áreas úmidas da Costa Norte.

No último trimestre, também fomos responsáveis por desenvolver uma Estratégia de Comunicação para o PAN Aves Limícolas Migratórias. Com o objetivo de comunicar o trabalho desenvolvido pelo grupo ao longo de dez anos de atuação em todo o território nacional, a proposta inclui ações para engajar diferentes públicos de interesse no processo de conservação das aves e seus habitats. Apesar de ser um instrumento já consolidado, a população de modo geral desconhece o instrumento e os principais resultados obtidos ao longo desses anos. A falta de conhecimento se estende ao poder público e outros setores da sociedade civil que são fundamentais para a promoção da conservação. 

A estratégia desenvolvida prioriza os diferentes públicos de interesse. Buscamos engajar e mobilizar diferentes atores e envolver cada vez mais pessoas para a proteção das aves. Para nossa Diretora de Comunicação, Evilene Abreu, proteger as aves limícolas nos ajuda a garantir o equilíbrio dos ecossistemas e a vida no planeta.  

“Cada pessoa pode ajudar na conservação dessas espécies e de seus habitats. Mas, para isso, é necessário que seja implementado um projeto de Comunicação aliado à Educação Ambiental. Não basta sensibilizarmos as comunidades sobre a existência dessas aves, divulgar as informações, é preciso um trabalho de formação, ampliação de capacidades e diálogo contínuo e permanente. Foi uma satisfação desenvolver essa estratégia de comunicação para o PAN, assim como outras ações de comunicação para o Programa Aves Migratórias da SAVE Brasil, e, colaborar com a conservação das aves limícolas migratórias”, ressalta.

Ameaças e a necessidade de conservação

Diferentes espécies dependem diretamente de uma rede de áreas localizadas ao longo de toda a costa brasileira, iniciando no Amapá e indo até o Rio Grande do Sul, e se estende pela região central do país. 

Apesar de deslumbrante, a jornada migratória dessas espécies tem se tornado cada vez mais perigosas. As ameaças compreendem desde os fenômenos naturais, como tempestades, até a atividade humana, como a poluição do mar e a degradação das áreas as quais utilizam para alimentação e descanso. 

Além de celebrar a existência dessas espécies, a data propõe sensibilizar para a necessidade de conservação dos habitats, difundir informações sobre as ameaças que as espécies enfrentam e a sua importância para o equilíbrio ecológico das áreas onde ocorrem e do próprio planeta, uma vez que são importantes indicadores da qualidade ambiental e dos efeitos das mudanças climáticas. 

Devido a sua relevância internacional, as aves migratórias são protegidas por diferentes acordos internacionais. No Brasil, a principal iniciativa de conservação é o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação das Aves Limícolas Migratórias, uma iniciativa do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Elaborado em 2012, o instrumento se concentra em identificar, evitar e minimizar os impactos antrópicos (do homem) em seus habitats, principalmente aqueles decorrentes das atividades de exploração de recursos naturais, turismo desordenado e avanço de empreendimentos imobiliários. Diferentes organizações da sociedade civil participam da gestão do instrumento, além de contar com a cooperação do poder público e setor produtivo.

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