Democracia agora e sempre

Repudiamos com veemência as expressões de violência, vandalismo e terrorismo interno a que assistimos ontem, 8, em Brasília. O que aconteceu é a expressão máxima da não-democracia. Quando um grupo, embriagado pelo fanatismo construído em torno de uma narrativa messiânica, comportando-se como uma seita que enxerga diante de si apenas adversários ao cumprimento de seus desejos e instintos, tenta impor suas visões de mundo através do uso da violência.

O uso do termo “terrorismo” se aplica neste episódio, porque foi ação orquestrada com o intuito de gerar terror na sociedade brasileira e, através do medo, impor uma agenda ideológica e radical e, em último caso, abalar os pilares da governança pública no país em prol de um projeto de poder que ignora, exclui e, ao mesmo tempo, oprime comunidades, grupos e pessoas em situação de vulnerabilidade em todo o país.

Compreendemos que a democracia não é apenas um regime de governo. Democracia é uma ética, um valor que deve permear toda a cultura. Ela deve estar presente nos relacionamentos, nas interações e nas ações de todas as pessoas no dia a dia. Democracia é algo delicado, que precisa ser nutrido e protegido por todo mundo, inclusive dentro de si mesmos. É uma forma de viver em sociedade, onde planos são feitos e decisões são tomadas sempre baseadas em diálogo inclusivo, em busca de convergência e pela construção de consensos.

Democracia é um pilar civilizatório. E fora dela, nos aproximamos perigosamente da barbárie. É nosso papel social e político, das organizações da sociedade civil brasileiras, atuarmos como vigilantes dos princípios democráticos, e advogarmos pela garantia dos direitos humanos e de um modelo de desenvolvimento inclusivo, equitativo e efetivamente sustentável no país.

O ataque terrorista aos Três Poderes da República, representa o oposto desse conceito de democracia. Não apenas pelas ações violentas e criminosas perpetradas, mas também pelos objetivos ideológicos e políticos dessas pessoas. Um sistema de pensamentos que defende a seleção natural como meio de governo, com uma lógica excludente e opressora.

Esperamos, agora, que os indivíduos que viabilizaram, organizaram e financiaram, e aqueles que levaram a cabo essas ações terroristas sejam devidamente responsabilizados, e, em acordo com o devido processo penal. Também, que os resultados das eleições de 2023 sejam respeitados.

Que os vencidos se organizem para, dentro dos limites institucionais, manifestarem oposição às políticas, propostas e projetos dos governos eleitos, legítimos e vigentes. E que esses governos tenham respaldo para colocar em prática as idéias, os projetos e as plataformas para os quais foram escolhidos em sufrágio universal – também de acordo com os limites da legalidade, da ética e a partir do diálogo e da construção de consensos entre forças políticas e populares e com a sociedade civil organizada.

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