No período de 10 a 14 de janeiro, aconteceu a VI Sequência do Programa Empreendedorismo do Jovem Rural (PEJR) na Unidade de Formação em Cipó, Pentecoste. A tarde do dia 12 de janeiro foi reservada para uma palestra sobre o tema Pluriatividade, termo empregado para indicar a presença tanto de atividades agropecuárias quanto não-agrícolas em determinado território rural.
A Palestra foi ministrada por Maria Odete Alves, agrônoma e pesquisadora do BNB – Banco do Nordeste do Brasil – ETENE (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste), que segmentou a apresentação em três momentos. Inicialmente, a palestrante fez uma explanação sobre as origens da pluriatividade e suas formas de manifestação, cuja intensidade, diversidade e complexidade estão vinculadas ao nível de desenvolvimento de cada território.
Em seguida, mostrou como e porque no Brasil a pluriatividade tende a ser diferenciada entre as regiões: mais intensa e diversificada principalmente nas regiões nas quais a agricultura foi beneficiada pelo processo de modernização (anos 1960 e 1970 nas regiões Sul e Sudeste; mais recentemente, os cerrados nordestinos). Este momento da palestra foi concluído com a apresentação de resultados de uma pesquisa realizada por pesquisadores do ETENE em 11 municípios do Baixo Jaguaribe (CE). Os resultados mostram que no conjunto dos municípios existem importantes núcleos produtivos não-agrícolas, cujo crescimento está associado ao crescimento experimentado pelo Pólo frutícola.
No entanto, principalmente entre agricultores familiares, as atividades não-agrícolas têm pequena escala, a tecnologia empregada é a tradicional e o uso de mão-de-obra é intensivo, sendo os produtos e serviços vendidos quase que exclusivamente no mercado local. É fato que estes agricultores pluriativos se deparam com uma série de dificuldades no desenvolvimento de suas atividades não-agrícolas, principalmente em relação a financiamento, canais de comercialização, organização capacitação e infra-estrutura pública de transportes e comunicação. Mesmo com todas as dificuldades observadas, constatou-se que a receita gerada pelas atividades não-agrícolas é sempre superior àquela gerada pelas atividades agropecuárias, chegando a representar 65% na composição total.
A última etapa do dia foi reservada ao trabalho em grupo dos estudantes que, à luz do conteúdo apresentado, foram convidados a fazer uma reflexão sobre a pluriatividade no contexto de suas comunidades. O exercício apresentou resultados semelhantes aos observados no Baixo Jaguaribe, apontando para a existência de atividades não-agrícolas com baixo nível tecnológico e inserção marginal no mercado, mas com papel importante na manutenção daquelas famílias no meio rural.
Vale ressaltar a receptividade do grupo e o engajamento de todos nos diversos momentos, garantindo o alcance dos objetivos da Palestra.
MARIA ODETE ALVES é Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Rural, Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável e pesquisadora do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), do BNB.
Correio Eletrônico: moalves@bnb.gov.br
Para conhecer a produção técnico-científica: http://www.moalves.net.br
Colaboração: Maria Odete Alves