Chegamos a mais um Dia Mundial da Água e, neste 22 de março de 2022, o debate se mostra cada vez mais urgente sobre esse recurso imprescindível para a vida na terra. Esse ano, a ONU (Organização das Nações Unidas) destaca a importância das águas subterrâneas: como tornar visível o invisível? Segundo a organização, estima-se que 97% da água doce no mundo esteja no subsolo.
Aqui no Brasil, possuímos os maiores aquíferos do mundo, o Amazonas e o Guarani. O primeiro possui 162,5 mil km cúbicos de água armazenada e o segundo, 37 mil km cúbicos de água. Mas toda essa abundância precisa de uma boa gestão, que contribuirá para atingir a maior parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, incluindo o ODS 6 Água limpa e saneamento.
Com uma distribuição marcada pela desigualdade e escassez, temos visto uma desordem cada vez maior a partir dos efeitos da crise climática. Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado secas e enchentes históricas. Outras ações humanas como queimadas, desmatamentos e uso de agrotóxicos também impactam negativamente no abastecimento desses reservatórios naturais. A água subterrânea corre risco de ser poluída e, consequentemente, vai contaminar rios e poços artesianos.
Somado a isso, os brasileiros precisam se preocupar com o Projeto de Lei (PL) 4.546/2021, que institui a Política Nacional de Infraestrutura Hídrica e está sendo chamado de Novo Marco Hídrico. Um verdadeiro retrocesso para a Lei 9.433 de 1997, conhecida como a Lei das Águas do Brasil. Propostas de mudança contidas no PL com o Novo Marco Hídrico, ameaçam um princípio da água como bem público.
Em contrapartida, nossa organização vem tentando amenizar os desafios da crise da água no semiárido brasileiro, por meio da implementação de diversas tecnologias sociais com foco na segurança hídrica. Só no ano passado, foram mais de 10 poços profundos implantados ou revitalizados, mais de 130 cisternas de placas construídas, 126 dispositivos Aqualuz, para potabilizar a água, instalados. Além de dessalinizadores, chafarizes comunitários, barreiros trincheiras, tanques em lajedos de pedra, reservatórios elevados e um sistema solar fotovoltaico para bombeamento de água.