Contexto
Nós atuamos em uma das regiões mais pobres e com mais alarmantes indicadores de vulnerabilidade socioeconômica da América Latina e do mundo: o Semiárido do Nordeste brasileiro. Na maior parte dos municípios, mais de 60% da população vive em comunidades rurais, muitas delas praticamente isoladas, conectadas apenas por estradas e serviços de comunicação precários e que contam com infraestrutura insuficiente para permitir o aproveitamento eficiente e em escala adequada de suas potencialidades econômicas.
Cerca de 75% da população que vive no meio rural é formada por pequenos agricultores: famílias que praticam agricultura de subsistência em pequenas propriedades ou em assentamentos rurais, trabalhando para superar os desafios da prática da agricultura no Semiárido, especialmente a escassez de água e suas repercussões no cultivo de alimentos e na criação de rebanhos.
Esses agricultores produzem em condições bastante precárias: praticamente não contam com ferramentas, recursos técnicos e tecnologias que auxiliem na produção; não têm acesso a crédito para investir em seus estabelecimentos rurais e convivem com a escassez de água para irrigação e para criação de animais. Como consequência, eles não conseguem produzir com a qualidade e a escala necessárias para alcançar os mercados regionais, onde teriam melhor remuneração. Por fim, possuem grande dificuldade de comercializar diretamente com os mercados locais, sendo forçados a recorrer a intermediários comerciais (“atravessadores”) para vender seus produtos por preços muito menores do que os praticados no mercado, resultando em renda familiar insuficiente para própria subsistência e consequentemente na reprodução do ciclo de pobreza no meio rural.
Desde muito cedo na vida, os jovens de comunidades do Semiárido ouvem no ambiente familiar, de seus vizinhos e até mesmo na Escola que o caminho mais seguro que podem trilhar para melhorar de vida no futuro é procurar um emprego em uma cidade grande. Eles escutam de amigos e de vizinhos que, se permanecerem no meio rural, nas comunidades onde moram, eles vão apenas repetir a vida familiar deles, com todos os imensos desafios. Um jovem abandonar a Escola cedo, antes de concluir o Ensino Fundamental até, para migrar para cidades como Fortaleza, São Paulo ou Rio de Janeiro é considerado algo natural e normal na região.
Durante esses anos interagindo com as comunidades, observamos que a maioria dos jovens desejam permanecer nos locais onde vivem. Que não é vontade deles deixar a Escola, a família e a comunidade para tentar a vida em outra cidade. Eles buscam, porém, oportunidades para que possam investir os saberes e habilidades próprios para aprimorar as práticas produtivas da agricultura familiar ou para iniciar e desenvolver um pequeno negócio ou projeto próprio, trabalhando com as famílias e com os vizinhos deles e com outros jovens locais. Empreendedorismo é uma possibilidade real e efetiva para esses jovens.
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