
Todos os anos, o segundo sábado de maio marca a comemoração do Dia Mundial das Aves Migratórias. Essas espécies são parte de um patrimônio natural compartilhado entre países e migram anualmente entre Hemisfério Norte e Sul em busca de áreas para alimentação, reprodução, descanso e hibernação. No Brasil, o momento marca o período em que as aves começam a retornar para o Hemisfério Norte. Em meados de setembro e outubro as aves retornarão ao Brasil em busca de alimento e fugindo do inverno rigoroso do Norte. Além de serem fascinantes pela sua incrível capacidade de voar milhares de quilômetros por dias consecutivos, as aves migratórias são responsáveis por unir continentes por meio do processo migratório.
Nos últimos anos, temos executado várias ações de comunicação para a conservação de aves limícolas migratórias em parceria com a SAVE Brasil. O principal objetivo é informar a população local sobre a existência das aves limícolas migratórias em áreas específicas e engajar os atores locais para que se tornem agentes de conservação ambiental em seus territórios. As estratégias de Comunicação aliadas à Educação Ambiental buscam sensibilizar e articular a população para contribuírem com a conservação das aves migratórias e de seus habitats.
Por meio do Programa Aves Limícolas, a SAVE Brasil vem desenvolvendo projetos em diferentes regiões do país. Até o momento atuamos diretamente com o desenvolvimento de diagnósticos de comunicação e desenho de estratégias para três territórios: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Maranhão.
Inicialmente, desenvolvemos um Plano Estratégico de Comunicação para o Projeto Flyaways Brasil, realizado em áreas consideradas importantes para diferentes espécies ao longo da Bacia Potiguar. Além da estratégia com foco em educomunicação, realizamos assessorias e consultorias especializadas em gestão e comunicação para a equipe que atua no projeto, elaboramos uma série de materiais de comunicação utilizados de suporte nas atividades de campo e ministramos oficinas de Fotografia de Aves.
Para o Projeto Lagoa do Peixe, que acontece em municípios que abrangem o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, a Estratégia de Comunicação priorizou as ações de Advocacy, tendo em vista a necessidade de sensibilizar e engajar as comunidades e os tomadores de decisão.
Para o Projeto Costa Norte, realizado em diferentes municípios da Costa Maranhense, a estratégia de comunicação possui interface com o desenvolvimento territorial a partir da potencialização de atividades que já são desenvolvidas pelas comunidades, como o turismo de base sustentável. As ações com foco em educomunicação socioambiental também foram priorizadas na estratégia diante da necessidade de sensibilizar os atores locais e engajá-los em atividades educativas para a conservação das aves limícolas e das áreas úmidas da Costa Norte.
No último trimestre, também fomos responsáveis por desenvolver uma Estratégia de Comunicação para o PAN Aves Limícolas Migratórias. Com o objetivo de comunicar o trabalho desenvolvido pelo grupo ao longo de dez anos de atuação em todo o território nacional, a proposta inclui ações para engajar diferentes públicos de interesse no processo de conservação das aves e seus habitats. Apesar de ser um instrumento já consolidado, a população de modo geral desconhece o instrumento e os principais resultados obtidos ao longo desses anos. A falta de conhecimento se estende ao poder público e outros setores da sociedade civil que são fundamentais para a promoção da conservação.
A estratégia desenvolvida prioriza os diferentes públicos de interesse. Buscamos engajar e mobilizar diferentes atores e envolver cada vez mais pessoas para a proteção das aves. Para nossa Diretora de Comunicação, Evilene Abreu, proteger as aves limícolas nos ajuda a garantir o equilíbrio dos ecossistemas e a vida no planeta.
“Cada pessoa pode ajudar na conservação dessas espécies e de seus habitats. Mas, para isso, é necessário que seja implementado um projeto de Comunicação aliado à Educação Ambiental. Não basta sensibilizarmos as comunidades sobre a existência dessas aves, divulgar as informações, é preciso um trabalho de formação, ampliação de capacidades e diálogo contínuo e permanente. Foi uma satisfação desenvolver essa estratégia de comunicação para o PAN, assim como outras ações de comunicação para o Programa Aves Migratórias da SAVE Brasil, e, colaborar com a conservação das aves limícolas migratórias”, ressalta.
Ameaças e a necessidade de conservação
Diferentes espécies dependem diretamente de uma rede de áreas localizadas ao longo de toda a costa brasileira, iniciando no Amapá e indo até o Rio Grande do Sul, e se estende pela região central do país.
Apesar de deslumbrante, a jornada migratória dessas espécies tem se tornado cada vez mais perigosas. As ameaças compreendem desde os fenômenos naturais, como tempestades, até a atividade humana, como a poluição do mar e a degradação das áreas as quais utilizam para alimentação e descanso.
Além de celebrar a existência dessas espécies, a data propõe sensibilizar para a necessidade de conservação dos habitats, difundir informações sobre as ameaças que as espécies enfrentam e a sua importância para o equilíbrio ecológico das áreas onde ocorrem e do próprio planeta, uma vez que são importantes indicadores da qualidade ambiental e dos efeitos das mudanças climáticas.
Devido a sua relevância internacional, as aves migratórias são protegidas por diferentes acordos internacionais. No Brasil, a principal iniciativa de conservação é o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação das Aves Limícolas Migratórias, uma iniciativa do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Elaborado em 2012, o instrumento se concentra em identificar, evitar e minimizar os impactos antrópicos (do homem) em seus habitats, principalmente aqueles decorrentes das atividades de exploração de recursos naturais, turismo desordenado e avanço de empreendimentos imobiliários. Diferentes organizações da sociedade civil participam da gestão do instrumento, além de contar com a cooperação do poder público e setor produtivo.